sábado, 2 de fevereiro de 2013

Vida de gado.

Passeata dos 100 mil.
Versos, caminhadas e encontros podem mudar o mundo, mas também retardar mudanças. Nossa história demonstra que houve tempo onde pessoas reunidas eram consideradas perigosas. De certo não vivemos todas as mudanças e transformações do mundo ou da cultura, mas temo ao notar que meus novos velhos anos podem não ser socialmente significativos.

Réveillon em Copacabana.
O Rio sedia anualmente mega-eventos de diferentes natureza, o que é muito bom, mas onde foi parar aquele sentido crítico do encontro e das marchas? Na sociedade brasileira/carioca não existe desigualdade ou corrupção suficiente que justifique mobilização social? A gestão politica dos atuais governos é inspiradora de versos românticos ou de manifestações essencialmente cidadãs? 


Existe uma notória doutrina jurídica brasileira que assevera que “A natureza da administração pública é a de um múnus público para quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade. (...) , todo agente do poder assume para com a coletividade o compromisso de bem servi-la, porque outro não é o desejo do povo, como legitimo destinatário dos bens, serviços e interesses administrados pelo Estado.”


Área da segregação no show Gil /Wonder.
A beleza platônica do direito brasileiro contrasta com a rudeza da realidade, cotidianamente fragmentada por interesses privados. Os grandes eventos que ocorrem na cidade comprovam esta tese, pois é legítimo deduzir da doutrina citada que em eventos subsidiados pelo poder publico e realizados em espaço publico, VIP, pessoas muito importantes, é o próprio publico, “legítimo destinatário dos bens e serviços administrados pelo Estado”. No entanto, o que se verifica são áreas privilegiadas distribuídas entre políticos e personalidades. Que existem diferenças no mundo todos sabemos, mas o silêncio diante do loteamento do espaço publico para atender interesses pessoais do administrador destrói o sentido do “Encontro”, o espaço social significativo torna-se o da alienação publica.

Publicado originalmente no Facebook, grupo Rio Antigo, em 05/012013.

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