sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Areia e sal.

Avenida Atlantica - 1910.
Em meados do século XIX Copacabana era indicada como local de repouso. A paz que outrora foi prescrição médica sucumbiu à sucessão de moradores ilustres, temas musicais, janela turística brasileira, e palco de mega eventos; a prostituição em si mesma, fruto das vicissitudes urbanas, talvez só ofenda à uma classe média patética e plena de culpa cristã.
Calçadão de Copacabana.
A história dos espaços públicos nos remete à Grécia antiga onde os indivíduos debatiam os destinos da cidade. O tempo seguiu e é natural que em uma cidade litorânea a praia substitua as praças como espaço de diálogo entre corpos distintos, porem homogenizados pela semi-nudez dos uniformes de banho.
Praia de Copacabana durante show de Roberto Carlos.
No entanto, raramente a Ágora de areia e sal tem sido palco de atuação cidadã, de manifestações efetivas em buscas de transformações sociais concretas. O abismo e a desigualdade percorrem o calçadão monocromático, mas os frequentadores preferem, ao contrário do que se espera de indivíduos críticos, apenas entoar um refrão burguês: "quando eu estou aqui eu vivo este momento lindo, de frente pra você e as mesmas emoções sentindo".
  Publicado originalmente no Facebook, grupo Rio Antigo, em 30/12/2012.

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